O tratamento da boca seca costuma ter bons resultados em cerca de 70% dos casos de hipossalivação.  Entretanto, para se atingir bons resultados, diferentes métodos de tratamentos devem ser associados. No caso de não se conseguir um bom resultado, deve-se atuar preventivamente no sentido de limitar o dano que pode ser causado aos dentes, gengiva e mucosa bucal.

O primeiro passo é avaliar o grau de comprometimento da função das glândulas salivares. Em função de um maior ou menor comprometimento da produção de saliva, diferentes abordagens terapêuticas serão associadas para a obtenção dos melhores resultados possíveis.

As abordagens terapêuticas para a estimulação da produção de saliva serão:

Estímulos mastigatórios: o uso da mastigação é um estímulo normal e fisiológico para aumentar a salivação, consistindo numa forma de estimulação natural à função das glândulas salivares. Pode-se obter um bom resultado aumentando o consumo de alimentos mais consistentes e ricos em fibras, criando o hábito de mastigá-los bem, para estimular a produção salivar. Além disso, como forma auxiliar de tratamento, o uso de dispositivos de silicone (sialogogos mecânicos marca Halitus ou Hiperbolóide) e uso de goma de mascar sem açúcar são os mais frequentemente utilizados.

Estímulos gustatórios: devem ser utilizados com cautela em Pacientes que tenham queixa de sensibilidade dentinária ou mucosa bucal desidratada e irritada. Pode-se utilizar alimentos levemente azedos que aumentem a produção de saliva como a ameixa umeboshi (a venda em lojas de produtos naturais, macrobióticos de culinária japonesa), frutas Cítricas, gotas de limão sobre a língua, balas e mentas e pastilhas estimulantes salivares: Salivix, Provalis (a venda na Inglaterra).

Estímulos farmacológicos: A pilocarpina é o sialogogo farmacológico mais estudado e mais utilizado em todo o mundo, por isso, é a droga de primeira escolha para o tratamento da hipofunção das glândulas salivares. Deve ser prescrita por um profissional habituado ao seu uso, que fará uma avaliação se o Paciente não tem contra-indicações ao uso da droga e se esta produz um aumento significativo na produção de saliva que justifique a sua utilização, sem efeitos colaterais.

Existem outras drogas também utilizadas para esta finalidade como o Betanecol (valem as mesmas recomendações acima), que ainda tem poucos estudos sob sua eficácia e no exterior encontramos medicações que produzem bons resultados como a Cevimelina (Evoxac), mas com custo pouco acessível à realidade brasileira.

Estímulos elétricos: Utiliza-se o TENS (Transcutaneous electrical nerve stimulation) com bons resultados, devendo ser aplicado por um profissional capacitado. São contra-indicados para pacientes portadores de marca-passo, pacientes com história de herpes-zoster (na área do nervo trigêmeo), aplicação em áreas com pouca sensibilidade e em pacientes com epilepsia.

Tratamento e orientação comportamental: muitos pacientes têm o hábito de beber pouco líquido, de utilizar substâncias que ajudam a piorar a secura bucal (tabaco, maconha, etc.), são vítimas de um estresse crônico que afeta os padrões salivares, entre outras causas. Assim, é fundamental orientar mudanças de hábitos e buscar ajuda profissional especializada para minimizar os danos que tais comportamentos produzem na produção salivar. Além disso, muitas vezes o Paciente utiliza medicações que diminuem a produção de saliva como efeito colateral. Nesse sentido, o Paciente poderá adotar condutas para diminuir ou parar o uso destas medicações em um médio prazo, desde que com acompanhamento profissional, ajudando a recuperar uma salivação adequada.

Acupuntura: diversos estudos apontam a melhoria dos padrões salivares através do uso da acupuntura, tanto através da estimulação direta dos pontos responsáveis pelo equilíbrio das funções das glândulas salivares como pelo equilíbrio do paciente como um todo, diminuindo seu estresse e ansiedade, o que colabora para restabelecer um fluxo salivar melhor.

Outras abordagens promissoras: o uso do Laser de baixa potência e a homeopatia são 2 áreas que prometem trazer bons resultados, mas são necessários ainda mais estudos que comprovem sua eficácia no tratamento da boca seca.

Quando não se consegue um bom resultado no tratamento da boca seca, medidas preventivas deverão ser adotadas para proteção e evitar danos aos dentes, gengiva e mucosa bucal.

Fazem parte destas medidas:

– Ingerir no mínimo 2 litros de líquidos por dia;

– Mascar os silicones para estimular a salivação mencionados acima, alternando o seu uso com chicletes sem açúcar, com objetivo de estimular a produção de saliva;

– Aprender e manter uma higiene bucal excelente, com escovas de dente e fio dental adequados ao seu caso e escova de tufo único (01 vez ao dia);

– Evitar ou moderar ao máximo o consumo de bebidas alcoólicas;

– Evitar totalmente o uso de enxaguatórios bucais contendo álcool;

– Utilizar um enxaguatório bucal sem álcool que contenha flúor;

– Para evitar o ardor, consumir comidas salgadas e picantes moderadamente;

– Utilizar protetores labiais nos casos de rachaduras ou ressecamento em seus lábios;

– Evitar ingerir alimentos muito secos (biscoitos secos e/ou farináceos);

– Evitar o uso de bebidas com cafeína (café, chá preto ou verde e refrigerantes a base de cola), o fumo e drogas ilícitas como a maconha, pois ressecam ainda mais a boca;

– Conversar com seu médico se ingerir medicações que afetam a produção salivar, para tentar diminuir ou substituir a medicação por outra sem este efeito colateral;

– Controlar o seu nível de estresse;

– Visite seu Dentista a cada 3 meses, fazendo controle de placa a cada visita, para aprimorar cada vez mais a sua escovação;

– Lavar suas narinas diariamente, podendo utilizar para isso o Lota;

– Se residir em locais com baixa umidade do ar, ou em períodos de estiagem, utilizar um umidificador de ar para manter uma umidade adequada.